segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Onde está todo mundo?

Eu trabalho numa grande empresa de telecomunicação móvel e há pouco tempo, uma coisa me chamou atenção durante o meu expediente de trabalho, num treinamento sobre tecnologia e soluções de dados, voltado a novos meios de comunicação. Fui apresentado a tudo de novo que está sendo lançado no mercado da telefonia móvel e ao que o futuro pode trazer. Confesso que fiquei bastante impressionado com tanta coisa que não acreditava que um dia estaria ainda vivo para ver, coisas que durante a minha infância via muito em filmes futuristas e não acreditava que um dia isso seria real, que pudesse alcançar. Mas, ouvindo o que o que o instrutor dizia, fazia uma análise crítica sobre essa tal tecnologia. Não desprezando o que a modernidade trouxe e trará para facilitar a nossa vida, mas confesso que fiquei preocupado.
Durante o tempo que ouvia tudo que era dito naquela palestra, eu pensava em como
a passagem dos tempos, que trouxe as grandes invenções, a tecnologia que globalizou tudo, convergiu tudo em uma coisa só, diminuiu as distancias, contraditoriamente, individualizou as pessoas, distanciou-as do contato físico e as deixou mais solitárias.
Lembrei-me que minha mãe relatava que seus pais quando jovens, nas matinês de domingo, sempre iam ao cinema, e faziam daquilo um acontecimento, um encontro com os amigos, todos se vestiam com suas “roupas de domingo" e antes de ir pra casa tiravam uma foto no lambe-lambe da praça (coitado dos fotógrafos de praça, todos devem ter morrido de fome). Hoje, os melhores cinemas ficam dentro de um shopping. E apesar de ainda fazermos isso como um motivo de encontrar os amigos, namorados... Não é algo que fazemos como um grande evento. Naquela época, não tinha televisão, pelo menos não para a grande massa, e aquilo era o único contato que aquelas pessoas tinham com o mundo exterior. Comparado a hoje, o que é o rádio, o telefone, que já existiam então, se temos a internet que é algo que revolucionou o mundo e a velocidade das informações.
Mas a Televisão logo chegou e durante muito tempo não foi acessível a todos, tanto que lembro, na hora do Jornal Nacional lá em casa, já nos anos 80, na hora do jantar todo mundo tava junto, até os vizinhos. Isso mesmo! Nem todo mundo tinha esse eletro-eletrônico que hoje é tão popular, era um objeto de luxo, e TV em cores então? Nossa, era "coisa de rico"! Eu não era rico, nunca fui (que pena! hehe), mas lá em casa era uma das poucas que tinham. Lembro-me também que, na hora da novela, vinham umas três ou quatro vizinhas, amigas da minha mãe, assistir com a gente. E eu gostava de ver um monte de gente na minha casa. Era uma aproximação tão boa! Confesso que hoje não dou muita atenção a vizinhos, tenho medo do provincianismo deles. Mas faço questão de estar perto dos meus queridos. Detesto ficar muito tempo sem ter ninguém pra conversar (ou brigar! rs).
Mas voltando ao assunto, hoje a internet trouxe uma coisa que é a comunicação rápida, o relacionamento virtual e, isso, de certa forma nos afastou mais, deixou um pouco de lado o calor humano. Isso me assusta! Tenho medo de ficar cada vez mais longe dos meus amigos.
Será que a evolução das coisas está nos deixando mais sozinhos? Acredito que eu não seja uma pessoa saudosista, mas será que não estamos deixando as relações mais frias?Antes, pra se ver um filme arrumava-se todo, chamava-se os amigos, as (os) namoradas (os) e todos se encontravam numa bela tarde de domingo pra celebrar a amizade, a alegria, o amor... Depois, com a televisão ninguém mais precisava sair de casa para assistir um filme, por exemplo. E hoje, você sozinho, é isso mesmo SOZINHO, pode assistir a um filme na internet, no seu próprio celular, individualmente, solitário, como me foi apresentado, além de outras soluções, naquele treinamento de trabalho, equipamentos que, pensando por essa ótica, fazem isso. E o que vem depois? É isso que o futuro nos reserva?
Todo o processo evolutivo é de grande valia e se vem para trazer uma vida mais pratica ou solucionar antigos problemas, sou totalmente a favor! Mas não esqueçamos que o mais importante é viver, celebrar, amar, juntos e perto de quem queremos estar.
Enquanto ficava maravilhado com as tendências tecnológicas e com futuro da comunicação, naquela sala fria do ar-condicionado e um monte de pessoas que convivo só profissionalmente, sentia uma imensa vontade de abraçar algumas que eu amo, que amei e que ainda pretendo amar, da forma mais primitiva, mais natural e genuína. Por isso, eu peço encarecidamente a todos, não deixem de acreditar na união, não nos afastemos, não percam a vontade de abraçar uns aos outros. Eu gosto de sentir o calor dos meus amigos, amores e familiares. O cheiro, os beijos, o afeto. Não deixemos o mundo moderno distanciar nossos momentos e nem virtualizar os nossos relacionamentos. Vamos usar isso tudo como um aliado ao nosso meio de comunicação, mas nunca como principal forma de se ter contato.A solidão é um equívoco da vida! A caminhada é menos cansativa quando se anda de dois ou mais. Há sempre um lugar pra mais um do nosso lado...

2 comentários:

  1. Obrigado, Lua! Apesar de nosso contato ser mais virtual, quando nos encontramos aproveitamos para nos deliciar da coisa mais gostosa da vida que é comer, e coisas deliciosas, né? Beijos!

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