terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Ele não sou eu



Ele se levanta no meio da noite como se algo o inquietasse,
Uma vontade enorme de quebrar o silêncio da noite com um grito estridente,
Um eco que vem de dentro, dum vazio, que chega aqui fora quase silencioso,
Ninguém ouve, ninguém sabe, ninguém.
Ele tá só, ele tá seco, ele tá esvaído de si...
Como se a vida tivesse dado uma pausa desesperadora,
Uma inércia no meio do caminho,
O coração em paralisia, justo quando tudo era para estar em seu ápice.
Ele desistiu de esperar,
Mas também não quer ir buscar.
Não tem certeza se teve um passado, nem sabe se haverá um futuro.
Ele nem sabe direito quem é, muito menos o que quer.
Perdeu os sonhos pelo caminho, como se lançasse bolinhas de sabão ao ar,
Frágeis, pequenas, volúveis...
Ele tá invisível no meio da multidão, mesmo que faça de tudo pra ser visto.
No sorriso, ele trás uma tristeza vaga, latente.
E no choro uma dor latejante.
Um menino que deseja conhecer um colo seguro, como de pai, de par, de porto seguro.
Um homem que não sabe que caminho escolher...
Tudo lhe parece tão viável e tão dispendioso,
Uma fraqueza tão disfarçada, mas tão vertiginosa.
Ele tenta se entender com seus vícios,
Ele tem alegria artificial do crepúsculo,
E uma languidez da alvorada.
Ele nem parece que existe, nem parece que sabe o que passou,
Ele nem parece que sente...
Ele nem parece que sou eu.

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